| Jornal online - Registo ERC nº 125301



O linho uma cultura milenar
Publicado sábado, 6 de novembro de 2004 | Por: Notícias do Nordeste

A referência ao linho nesta região aparece referenciada desde tempos imemoriais.
Os tecidos de linho fabricar-se-iam artesanalmente e para consumo local, em toda a parte como atestam os pesos de tear e os cossoiros que se encontram com frequência em qualquer escavação. Plínio, 19,10, refere-se aos linhos dos Zoelae (que povoavam esta região nordestina) segundo este os linhos dos Zoelae eram exportados para Itália
Não será poiss abusivo referir que o linho foi durante anos, na nossa região base de sustentação das comunidades rurais que garantiam a sua auto-suficiência, utilizando com engenho os recursos que o meio oferecia, a partir de técnicas tradicionalmente ligadas ao trabalho da terra. A cultura do linho, para além de constituir um valioso recurso, cuja utilização ia do vestuário ao saco de guardar o trigo e o centeio , ao fio para o fumeiro, ao alforge...à medicina, ocupava assim um lugar de destaque na vida social e cultural da comunidade, ainda mais por a sua produção estar envolta em ritos e lendas, que ainda hoje fazem parte da memória colectiva das gentes desta região, como atestam as musicas do cancioneiro tradicional.
Recuando um pouco no tempo o próprio nascimento implicava um contacto intimo e necessário com o linho. Reconhecidas as suas qualidades terapêuticas, eram pequenas tiras de linho que envolviam o cordão umbilical ajudando a tornar umbigos esteticamente perfeitos! Também os cueiros eram de linho.
Até as canções de embalar faziam alusão ao cultivo do linho:
(...)
“Vai dormir meu bebe ,
vai dormir e sonhar
deixa lua crescer lá no ar

A roca pousou
e largou a chorar
os olhos vai já fechar”
(...)

Qualquer enxoval de noiva levava um grande número de peças de linho. Os lençóis bordados, as dianteiras, as toalhas e sobremesas, as toalhas de rosto, as toalhas de cesta. Por isso qualquer rapaz que se prezasse escolhia para noiva uma boa tecedeira disso são testemunho as cantigas

Doba doba dobado
Namorei uma tecedeira
....
Ela estava ruca truca
minha porta n/ se abre
...
Linho e tradição fundem-se generosamente a tal ponto de neste emaranhado de emoções e tradições surgir de entre muitas artes e ofícios a recuperação da cultura do linho na ACRS, cujo arauto é perpetuar as tradições, numa tentativa de conservar os valores genuínos da cultura popular. A ACRS tem vindo a fazer "No tear a cultura de um Povo" Consciente que as actividades artesanais harmonizam o saber antigo, conservado nos gestos repetidos ao longo de gerações, com os novos caminhos da actualidade.

Susana Magalhães

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